A inteligência artificial na correção escolar começa a transformar a forma como as lições de casa são avaliadas na rede pública do Estado de São Paulo. Com um projeto experimental voltado para estudantes do 8º ano do ensino fundamental e da 1ª série do ensino médio, a tecnologia será usada para corrigir cerca de 5% dos exercícios dissertativos respondidos na plataforma TarefaSP. Essa iniciativa inédita tem como objetivo principal oferecer um retorno rápido aos alunos, ao mesmo tempo em que auxilia os professores na tarefa de corrigir questões complexas.
O uso da inteligência artificial na correção escolar vem para apoiar, e não substituir, o trabalho dos educadores, ampliando o alcance da avaliação formativa nas disciplinas de língua portuguesa, matemática, ciências, química, física, geografia e história. A tecnologia funciona como uma assistente virtual que compara a resposta do aluno com um gabarito elaborado por especialistas e sugere se o exercício está correto, parcialmente correto ou incorreto, além de oferecer explicações resumidas. Esse processo promete trazer agilidade e maior qualidade na devolutiva das tarefas escolares.
Um dos grandes benefícios da inteligência artificial na correção escolar é a possibilidade de tornar o feedback imediato para os estudantes, algo fundamental para o aprendizado eficaz. Atualmente, a plataforma TarefaSP já é utilizada por alunos do 6º ano em diante para responder e acompanhar suas atividades, e a incorporação da correção automatizada amplia a interatividade do ambiente digital, facilitando o engajamento e o desenvolvimento do pensamento crítico. A rapidez na correção também pode contribuir para identificar dificuldades específicas e direcionar melhor as ações pedagógicas.
Apesar do entusiasmo com a inovação, especialistas reforçam a necessidade de cautela no uso da inteligência artificial na correção escolar. A avaliação da eficácia da ferramenta ainda está em fase de testes, e o feedback dos professores e alunos é essencial para aprimorar o sistema. Claudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial, alerta para a importância do uso ético dessa tecnologia, destacando que a inteligência artificial deve ser uma aliada no processo educativo, sem substituir o olhar atento e crítico dos docentes.
Além do impacto pedagógico, a introdução da inteligência artificial na correção escolar também representa um avanço na preparação dos estudantes para um mundo cada vez mais digital. Com a tecnologia presente no cotidiano, aprender a interagir com ferramentas inteligentes desde cedo é fundamental para desenvolver competências essenciais para o futuro. O projeto piloto do governo de São Paulo reflete essa tendência, preparando alunos e professores para os desafios da educação do século XXI, em que a tecnologia deve ser usada com responsabilidade e inovação.
A plataforma TarefaSP, lançada em 2023, tem sido um importante instrumento para digitalizar o processo de ensino e aprendizagem na rede estadual paulista. A implementação da inteligência artificial na correção escolar, inicialmente em pequena escala, tem como meta ampliar a qualidade e eficiência do sistema educacional, facilitando o acompanhamento individualizado do desempenho dos alunos. A expectativa é que a partir dos resultados do projeto piloto, essa ferramenta possa ser expandida para beneficiar um número maior de estudantes e docentes.
Outro ponto crucial da inteligência artificial na correção escolar é que, durante o período de testes, as avaliações feitas pela ferramenta não terão impacto na nota dos alunos. Essa medida é importante para garantir que o uso da tecnologia seja avaliado de forma segura, sem prejudicar o desempenho dos estudantes. A participação dos professores permanece ativa, com acesso completo às respostas e possibilidade de inserir comentários, mantendo o protagonismo humano no processo avaliativo.
Por fim, a inteligência artificial na correção escolar em São Paulo inaugura uma nova era para a educação pública brasileira, combinando inovação tecnológica e práticas pedagógicas para melhorar a qualidade do ensino. Com testes previstos para os próximos meses, o projeto poderá consolidar um modelo que fortalece o papel dos professores, incentiva o protagonismo dos alunos e potencializa o uso de recursos digitais para formar cidadãos preparados para um mundo em transformação constante.
Autor: Nairo Santos